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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Resenha sobre o filme ''Adeus, Sr. Pinochet - NO''

ADEUS, SR. PINOCHET  (NO), O FATO RETRATADO POR OLHOS DIFERENTES

     Lançado em 2012, o filme ''Adeus, Sr. Pinochet - NO'' de Pablo Larraín conta a história do plebiscito, de 1988, ocorrido no Chile, o que, em fatos verídicos, levaria à queda o ditador Augusto Pinochet. Representando esse fato histórico sob o olhar publicitário, a obra é baseada na peça do escritor chileno Antonio Skármeta (''El plebiscito'') e segue fielmente o que ocorreu na época, apresentando, inclusive, as propagandas eleitorais reais utilizadas no ocorrido.
       Ex-exilado, René Saavedra (Gael Garcia Bernal) é um jovem publicitário que recebe a proposta de realizar a campanha contra a ditadura imposta no Chile — a campanha do ''não'' —, no plebiscito que seria convocado por Pinochet por pressões exteriores. Primeiramente, René estranha a veracidade e a origem da proposta e ameaça não aceitá-la. Seu chefe, que por sua vez era importante pessoa na campanha do ''sim'', tenta convencê-lo de que a reforma não é precisa e então ele não teria que apoiá-la. Porém, sua ambição o conduz a contrariar seu diretor e ir adiante aceitando o desafio. Sabia, no entanto, que contaria com forte opressão de um governo totalitário.
     Logo que no comando da criação da campanha, René se pergunta como retratar 15 anos de repressão da ditadura em apenas 15 minutos estipulados pelo governo para a propaganda televisiva. O jovem escolhe o humor e criatividade para realizá-la, tentando, ao melhor modo publicitário de ser, esconder o que há de pior na situação em que o país se encontrava. Pessoas sorrindo e sendo felizes num lugar fantasioso compunham partes do videoclipe.  A campanha do sim, por sua vez, era fraca. Como o cotidiano do Chile da época não era uma boa propaganda por si só, a réplica à propaganda do ''não'' por parte do ''sim'' era simples: jogar em cima de pequenas brechas deixadas para trás pela campanha contrária. 
      Além de retratar o making of das propagandas, o filme enfatiza a violência proporcionada pelo governo para com o povo chileno. Dias antes da votação para o plebiscito, durante uma passeata política pacífica pelo ''não'', caminhões e tanques governamentais invadem o espaço designado ao povo e começam a atacar de modo desnecessário. Fato que seria um ''tiro no pé'', pois civis que não haviam escolhido seu voto agora escolheriam desencadeando em menos chances do governo se manter no poder.
       No dia da votação, cada lado em seu canto. A televisão fazia agora o papel de interlocução entre o destino do país e a população. A primeira parcial dos votos indica grande vantagem ao sim. Porém, o resultado que se consagra é o não. Um carnaval é feito por René e sua equipe de produção. O alívio finalmente havia chegado naquele país que suportava a pior de todas as ditaduras que aconteceram na América.
      Político, instigante e imprevisível, No é um filme que consegue passar fortemente uma base sobre o acontecimento no Chile e com total confiança, devido à utilização de conteúdo concreto e de vários flashbacks de cenas televisionadas que correram pelo mundo na época. Apesar de ter sido lançado em 2012, o filme consegue fazer o sujeito se sentir dentro dos anos 80 por causa do filtro —que nos remete à uma aparência vintage— aplicado à tela. A atenção que a obra pede é de suma importância para salientar as características antes ditas pois, após o começo do filme, é difícil pensar em qualquer coisa que não seja o que irá acontecer na próxima cena. Isso torna o filme mais chamativo visto que a obra é inconstante: não há como adivinhar o que virá na tomada a seguir.

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